Perdida

 Às vezes eu sinto como se a vida me levasse até certos caminhos, de mãos dadas e cheia de carinhos, para simplesmente tirar o chão que me sustentava, para mover o mundo sob meus pés. Não que eu esteja sendo dramática ou algo do tipo — talvez esteja mesmo.

Mas é que... As coisas são tão complicadas. Sinto que muitas vezes essa complicação é fruto de nós mesmos. Ações humanas e puramente ordinárias. Talvez faça parte de absolutamente nada, apenas matéria decompondo-se no espaço vazio e escuro, ou tudo, talvez, faça parte de uma missão divina que todos temos para com nós mesmos nesse espaço-tempo que eu me arriscaria dizer interminável e infinito, mas tudo, em determinada época, conhece seu fim; Principalmente relacionamentos humanos, até os que nem haviam começado para valer.

O que não paro de me perguntar incessantemente é: Será que ela estava lá para alguma lição em minha vida? Uma experiência e uma evolução? Só consigo pensar que ela me deixou mais cética em relação a tudo, mas isso é bom. Senão, eu poderia acreditar em tudo por aí, e nós sabemos que a realidade em que vivemos não é a ideal para os ingênuos, pensadores e gentis. Nossa sociedade é composta por um caos disfarçado de ordem. E é somente nisso que consigo pensar.

O caos de antes que vivia em minha mente, fora substituído por uma estranha paz, ironicamente, no mesmo momento em que percebo que nosso mundo é constituído do contrário. Amor e ódio, luxúria e guerra. Ordem e caos, um não pode existir sem o outro, como todos costumam ouvir. Mas mesmo assim, o caos impera em nosso mundo, desde o início dele. A ordem não é inexistente, porém é mínima.

Talvez essa lição seja fundamental para o meu caminho, não que ele seja importante — não é mesmo. Somos apenas um pontinho azul na imensidão escura do universo, dentre infindáveis multiversos inimagináveis. Eu sou tão inútil, e, ainda sim, uma pequena parte de uma civilização defeituosa e fugaz. Não tenho as funções que sonhei em ter. Não existe o clichê dos livros do "escolhido", somos todos figurantes nessa grande colisão de realidades. Os únicos feitos que poderei conquistar serão mínimos, porém, com sorte, eles possam acumular-se com outros mínimos feitos de demais pessoas, para que no fim, consigamos melhorar nossa realidade perpetuamente instável.

 Talvez eu realmente não tenha nascido para amar, de alguma forma. O amor é natural a todos os seres, mas não é desse tipo de amor que devaneio. O amor mental, uma conexão sobre duas mentes, duas chamas completas por si mesmas, mas intensificadas em sua união cósmica. Talvez, realmente, essa seja uma distração para mim, até que eu encontre, nessa vida ou em outra — se isso realmente existir e não for um fruto do desespero humano — alguém ou alguma coisa que eu realmente me conecte, que me faça sentir como se eu me encaixasse nesse mundo complicado.

Até lá, estou para sempre perdida dentro da imensidão e agouro que há em mim. Uma viajante do mundo, descobridora de filosofias e apreciadora da inconstância.

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