Ressaca Literária ou Ressaca da Vida?

 Faz tempo que não dou as caras por aqui. Sei que talvez não esteja escrevendo para mais ninguém, além de eu mesma, mas de certa forma, isso é terapêutico, um pouco mais solitário do que eu esperava, mas ainda sim, terapêutico.

Comecei esse ano de 2021 com tantos planos, e mesmo assim, parece que todos foram deixados às moscas, esquecidos aos ventos. Além disso, preciso mencionar, esse blog volta a ser mais pessoal agora, e uma forma de expressão mesmo, pois ao tentar outros formatos, não deu certo. E acho que ninguém lê blogs mesmo. Quase ninguém. Muitas pessoas nem mesmo leem livros (pelas mais variadas razões), então imagine blogs vindo de qualquer pessoa maluca na internet? Impraticável.

Tudo estava indo tão bem para mim, havia escrito tantos poemas... Que agora talvez sejam apenas lembranças fracas e indistinguíveis. Afinal, meu computador novo não quer mais ligar. E eu sei que pareço com uma rainha do drama falando desse jeito para descrever isso, mas não consigo evitar. É tão frustrante. A vida, mesmo bela, não é o que eu esperava. Tinham tantos poemas guardados, estava pensando em publicar um livro futuramente, mesmo que eles sejam ruins e melosos, pois são meus poemas e uma parte inseparável de mim. E agora, tudo desce pelo ralo.

Além disso, com tantas obrigações, com a faculdade, o emprego novo (que eu adoro, mas fico cansada kkkk) e as commissions que parecem nunca acabar, não encontrei mais tanto tempo assim para ler. E a cada dia a lista de pedidos de amigos que querem que eu leia suas histórias aumentam. Uma amiga minha me deu até seu livro físico em mãos para mim. Eu sei que não sou uma pessoa tão importante assim, mas não quero decepcionar todas essas pessoas. Sei que talvez eu esteja pegando pesado demais comigo mesma, mas é impossível evitar isso. É desgastante demais sentir-se puxada de um lado para o outro, sem tempo de fazer atividades que antes eram tão divertidas — ou ao menos pareciam-se mais divertidas.

É triste demais para mim fazer uma promessa e somente cumpri-la anos depois, meses depois... É frustrante. Não ter tempo para si mesma, não completamente. Ultimamente, eu saí um pouco das redes e tentei esquecer todas essas ideias conflitantes na minha mente, senão eu ia enlouquecer ou ter uma crise, burnout, eu não sei. Só sei que se continuasse com essa rotina excruciante, finalmente enlouqueceria. Tive um tempo só para mim, mesmo que por um curto período, ou por algumas horas por dia, poucas horas. Separei um tempinho para ler, para fazer um curso de reiki, que queria fazer há tanto tempo, e na oportunidade certa, ele surgiu gratuitamente. Estou melhorando minha dieta, tornando-me vegetariana novamente, e estou muito feliz com isso, desse jeito, sinto-me realizada.

Mas hoje, justamente hoje, no dia em que eu literalmente não tinha nada para fazer no trabalho, me senti extremamente cansada. Não fiz praticamente nada, apenas assisti a aula da faculdade e desenhei. É assim que os adultos normalmente se sentem? Cansados o tempo todo de um mundo cruel que não se importa com eles? É tão difícil ter o peso do mundo nas costas, o tempo todo. O peso do meu mundo, das minhas ideias de um mundo melhor, que talvez nunca se concretizem, porque talvez eu nunca consiga sair daqui, nunca consiga ser ouvida. Eu não sei. É desesperador pensar nisso.

Tem dias que parece que o sol brilha para mim, e em outros, simplesmente não. Dias em que sou feliz, em outros a criatura mais triste da face da Terra. Nem eu mesma me aguento, decerto. Eu não aguento mais ficar parada no mesmo lugar, em um mundo que nunca muda, apenas piora. Nada muda, as mesmas discussões de hoje estavam sendo feitas séculos atrás, é a mesma história se repetindo, de novo e de novo. Como as pessoas não percebem isso? Como não percebem, que se não mudarem suas ações, o mundo continuará, mas nós, como raça humana, não existiremos mais? Como as pessoas ainda brigam por coisas estúpidas, se odiando por coisas que não podem mudar em si mesmas, ou até mesmo por política. E não, eu não me importo em quem você votou. Eu não ligo, mesmo. Essas discussões são tão banais para mim hoje em dia. Quero dizer, muitos acreditam que essas decisões definem você inteiramente, como um estereótipo mal feito, se você é de esquerda, você é mal, se é de direita, é mal. Isso não funciona. Só estamos nos afastando, cada vez mais. É um ódio infundado por opiniões diferentes, sempre com a mesma narrativa de nós contra eles. Uma narrativa tão falsa que chega a doer.

Eu queria saber quando que a humanidade perdeu-se nos trilhos da vida, se um dia, ela mesmo tenha subido ali. Eu só queria que tudo fosse mais simples. Sem tanta crueldade, ódio, egoísmo e separação, mas parece que pedir pelo mínimo é um absurdo nos dias de hoje.

Talvez eu não esteja apenas com uma ressaca literária qualquer ou mesmo um possível indício de inicio de burnout, estou cansada dessa vida. De viver em um mundo que não muda, não apenas um país. Parece que o mundo inteiro enlouqueceu. Talvez sejam só as notícias negativas, pois sempre lucram mais com isso, é como os campeonatos de gladiadores de antigamente, mas hoje em dia, pessoas se reúnem e são hipnotizadas por suas TV's, observando o bandido ser preso, vídeos de pessoas sendo brutalmente estupradas e assassinadas, como um grande espetáculo, buscando por vingança. Uma vingança cega por atos hediondos. Desde que não fizermos nada ativamente para mudar isso, com novas ideias — pois nenhuma das antigas parece estar funcionando, e quando digo nenhuma, é nenhuma mesmo. —, ações altruístas e uma nova ótica, nada realmente vai mudar.

Parece-me que estou assistindo ao mundo queimar em caos e guerra sentada em meu sofá. Ao sairmos, usamos máscaras para cobrir nossos rostos de um vírus que nos mantém em nossas casas, talvez assim possamos buscar a introspecção de que tanto precisamos. Mas, parece que são poucos que realmente pensam por si mesmos. Parece que são poucos que não se tornam massa de manobra de qualquer um, dos dois lados de uma mesma moeda. Na verdade, teríamos que ter somente um lado, mas que todos fossem livres para pensar como quisessem, assim, não nos separaríamos tanto. Mas como conseguir essa tão sonhada utopia? Talvez nunca. Ou poderiam existir dois lados, vários lados, talvez, que vivessem em paz. Não na paz armada de hoje em dia.

Sabe, às vezes sinto que estamos em meio de outra guerra fria. Ou rumo à uma terceira guerra mundial. Talvez estejamos todos aqui, somente para sofrer mesmo. Talvez não exista nada, e tudo é uma invenção de criaturas que simplesmente evoluíram e tomaram parte de um planeta canibal e violento, autodenominando-se os reis do mundo. Quando não somos reis de nada, nem de nós mesmos.

Enquanto não olharmos para dentro de nossa própria consciência, para os fatos e nossos ideais, talvez nunca consigamos fugir dessa realidade que acorrenta-nos com grilhões sedativos.

Eu não aguento mais, mas continuo a caminhar por esse mundo corrupto. Não posso chorar, apenas continuar firme aqui. E isso é o pior. Nunca ter a certeza se estou aqui por algum motivo altruísta ou egoísta, ou se estou aqui simplesmente por estar. Essa dúvida me consome noite após noite. Eu não quero que não exista significado, que não existam outros mundos após a morte. Pode ser fantasia, sim. A mente humana é imaginativa por natureza. Mas... Simplesmente deixar de existir é deprimente demais para mim. Eu prefiro acreditar nessa mentira esperançosa, do que viver nesse mundo em ruína.

Qualquer coisa do que esse mundo em ruína — tudo por nossa culpa, grandes burros e gananciosos —, escolho qualquer mundo, qualquer realidade melhor do que essa aqui. Está cada vez mais difícil de viver aqui.

— Desculpem-me pelos erros de português, estou cansada demais para revisá-los agora e sem paciência.